terça-feira, 22 de abril de 2014

ANTES DE VOCÊ ABRIR OS OLHOS

"Antes de você abrir os olhos, o mundo se fechou.
Algumas palavras até sumiram, 
Os poemas mais tristes parecem ter evaporado: 
Aquela tela negra, exposta na galeria infinita e inalcançável : o céu.
As estrelas precisaram se apagar e ficaram imóveis, estáticas,
Como se admirassem algo mais brilhante do que elas: você.
As últimas folhas se desprenderam dos galhos das árvores coloridas.
O outono acabou de acabar, nenhuma outra estação quis aflorar. 
Nem a primavera, que combinava com a poesia da sua fala. 
Nem o verão, que aquecia suas mãos. 
Nem o inverno, que congelava cada pronunciado pelos seus lábios.
E os olhos que apareciam no final dos meus sonhos mais confusos, eram seus.
Eles formavam duas luas cheias, circulares: eternidade. 
Eternidade que nasce e morre todos os dias em você. 
Ela precisa da sua doçura, para acontecer para sempre.
Eram duas luas negras: 
Talvez de planetas que nem existem mais, ou que nunca existiram,
E que qualquer poeta criaria, ou recriaria, 
Só para vê-los decorando a imensidão do céu.
Ou condecorando a pequenez do mundo diante dos seus olhos.
E lá de dentro, posso enfim observar a beleza da vida e da morte,
As dores nunca sentidas e as mais dolorosas. 
E ainda assim, ele ri.
Sem dentes, sem lábios, sem motivos. 
Ele ri.
E quando seu riso escapa,
O canto dos seus olhos dobra e forma pequenas rugas,
Pequenos caminhos: atalhos.
Como se seu sorriso quisesse escapar da cadeia das suas pálpebras,
Que preservam encantos que não mostra a ninguém.
É segredo. É mistério. É silêncio.
É seu."

(PEDRO GABRIEL)

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