quarta-feira, 7 de maio de 2014

Enquanto a noite vem

"Quando a noite cai e a lua brilha alto
Encobrindo o dia que a tanto se passou
Do céu nascem dois anjos
Como a noite que vela nossos sonhos,
Sonhos que vagam por esse vale sem fim

Nuvens escuras encobrem a lua
E varrem para longe
Aquelas cuja melodia encantam os sonhos
Sussurros de medo e alegria
Se revelam nas canções
E a eterna sinfonia da vida se repete

Dois virgens, aqueles que se embalam
Dois deuses, perfeitos em todo o seu ser
Dois meninos, que como tantos se vê
Dois destinos, duas vidas, dois caminhos
E como a noite eles acabam
Levam consigo sonhos,
Mas com o crepúsculo se renovam."

(Diogo Viana & Andressa Ioshi)

Pobre sonho...

"Ensandecido... nesse mar vogando,
Perdido... nas delícias do teu corpo lindo.
Querido... e desfrutando teu encanto;
Esquecido... pois meu sonho está findo.

Não dobrem sinos... ela está sorrindo
Este coração chora e ama tanto .
Ensandecido... nesse mar vogando,
Perdido... delícias do teu corpo lindo.

Que seja o mar a díluir meu pranto
Chamas e eu digo: - Vê , já estou indo
De teu divino corpo... eu sou manto.
E meu sonho pouco a pouco , sumindo
Ensandecido... nesse mar vogando."

(António Zumaia)

Noturno

"Espírito que passas, quando o vento
Adormece no mar e surge a Lua,
Tu só entendes bem o meu tormento

Como um canto longínquo -
Triste e lento e sutilmente se insinua,
Sobre o meu coração que tumultua
Tu vestes pouco a pouco o esquecimento

A ti confio o sonho em que me leva
Um instinto de luz, rompendo a treva,
Buscando entre visões o eterno bem.

E tu entendes o meu mal sem nome
A febre de Ideal, que me consome,
Tu só, e mais ninguém!"

(Antero de Quental)

Conversando com as estrelas

"Diz para mim estrela brilhante
Como faço para suprir a falta
Que me faz sentir completo
E me leva muito mais além

Conta para mim estrela cadente
O que é que digo ao meu coração
Que agora encontra-se doente

Ajude-me nesse sonho bonito
Acabe com esta ausência distante
Traga pra perto meu tesouro infinito

Me escuta estrela dalva
Ouça de quem tanto precisa
Que vem do fundo da alma

Não me deixa só, estrela do céu
Me enlace ao seu véu...
E me leve para além do mar

Vem comigo estrela da luz
Me embala em sua visão
Seu brilho que tanto reluz."

(Angela Bretas)

Intenções

"De ti eu quero a nítida impressão
da brisa soprando
dentro do vento.
Quero o relaxamento
pleno da noite
entregando-se ao amanhecer.
Quero o cristal
das águas puras
rolando montanha abaixo.
Quero o último hausto
do rubro sol
desmaiando no horizonte.
Quero o tilintar na madrugada
dos corpos envoltos
em lençóis e pelos.
Quero a ânsia sedenta
dissipada em toques
saciada em gestos.
Quero o dia acordando
no horizonte corado
desabrochar em ti."

(Otávio Coral e Angela Bretas)

Almas Indecisas

"Almas ansiosas, trêmulas, inquietas,
Fugitivas abelhas delicadas
Das colméias de luz das alvoradas,
Almas de melancólicos poetas.

Que dor fatal e que emoções secretas
vos tornam sempre assim desconsoladas,
Na pungência de todas as espadas,
Na dolência de todos os ascetas?!

Nessa esfera em que andais, sempre indecisa,
Que tormento cruel vos nirvaniza,
Que agonias titânicas são estas?!

Por que não vindes, Almas imprevistas,
Para a missão das límpidas Conquistas
E das augustas, imortais Promessas?!"

(Cruz e Sousa)