segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Utopia

Mesmo que termine o dia,
Que o sol se despeça sem magia.
Havera outra utopia, após dias,
Nao tenhas tanta pressa.
Declame a poesia enquanto pronta.
No âmbito da quimera,paciencia.
Sim,irei ter pressa,
Pressa de uma realidade em potência
Onde provo em palavras,
Pronunciado o que em mim invadia,silenciado.

Mesmo depois que termine o dia,
Desconheço nos lábios o gosto que eu não esqueceria,
Como calar o grito que se ouviria em repetidos ecos,
Fico a esperar esse conjunto de sinfonias,
Ao sair de minha alma,em forma de palavras,
Um dia.

Soneto do Orfeu

''São demais os perigos dessa vida
Para quem tem paixão, principalmente
Quando uma lua surge de repente
E se deixa no céu, como esquecida
E se ao luar, que atua desvairado
Vem unir-se uma música qualquer
Aí então é preciso ter cuidado
Porque deve andar perto alguem
Alguem que é feito de música,
Luar e sentimento, e que a vida
Não quer, de tão perfeito
Alguem que seja como a própria lua:
Tão linda que só espalha sofrimento,
Tão cheia de pudor que vive nua.''

(Vinicius de Moraes)

Asas

Parte 1 :
Voamos.
Entao porem caí no bater das asas tuas
Voou ao sul, em ares distantes
Sinto a forte brisa enquanto me espero o chao beijar
O ceu nunca pareceu tao belo daqui 
Enquanto vejo tuas asas te levar
Como um passaro de verão
O por do sol lhe cobre
O ceu a te esperar.

Parte 2 :
Eu caio.
Nao há mais por onde enchergar
O dia já se foi junto ao seu voar
Pois já é noite,escuridão
Estrela lunar será então para iluminar
Hoje, a noite nao teve luar
Ansiando o sol chegar
Eu deixarei que morra em mim sua luz
Entao serei escuridão
A espera do segundo sol
Que queime com pesar.
Serei a ave do meu paraíso...
Ao por do sol
Poderei um dia voar.


Estrelas

Embaralho meus sonhos tantos...
Ao cair das estrelas, pude sentir
Luz ainda radia em mim, porem
Já não sofro, quem me cuida sou eu
Vou embora a cada aurora
Me encontre aqui 
Estarei perdido, reinando em mim
Desocupar lugares,
Nesse céu posso firmar liberdade
No desencanto, me encantei
Caminho escuro,clareei no fechar dos olhos
Firmamento sem luar, brilho em cada canto
Iluminando a moldura do teu rosto em quadro turvo
Encontro-me e já te perco
Desfragmento inútil, tua arte não revela que gosto tem
Inerente, tudo sinto, nada falo
Desperto
Em sangue frio, calo-me no olhar
Disperso
No passar do tempo mora o silêncio
Bateu!
Não a dor da vontade,
Viver o que ainda nao deu.
Não vire para traz,
Siga as luzes.
''De manhã escureço
De dia tardo
De tarde anoiteço
De noite ardo.

A oeste a morte
Contra quem vivo
Do sul cativo
O este é meu norte.

Outros que contem
Passo por passo:
Eu morro ontem

Nasço amanhã
Ando onde há espaço:
– Meu tempo é quando.''

(Vinicius de Moraes)